Nem sei quem sou. Sei que estou doente há muito tempo, mais tempo do que o que eu realmente acreditava.
Tive dias bons, tive dias ruins. Mas o que sou eu e o que é a doença?
Sempre digo que a essência das pessoas é imutável, mas nestes momentos em que reencontro comigo, após um tempo distante de mim mesma, minha dúvida é... Qual na verdade é minha essência? Como se achar passando tanto tempo perdida?
Há mais de 20 anos, minha janela tem a mesma vista, apenas o tempo a modifica.Tantas pessoas já chegaram e foram... É muito dificil determinar em qual momento as coisas começaram a parecer impossivel, determinar ha quanto tempo o céu azul tinha tonalidades cinzas na minha mente.
Há duas semanas, achei que não faria muita diferença, tomar ou não algo para a dor que havia no meu coração. Banalizei o poder da minha mente adoecida. Me vi perdida. Em duas semanas ignorando meu problema, ele me atacou e me amarrou pelas mãos. Todas as idéias idiotas voltaram, todos os sentimentos de perda, intensificaram. Auto-destruição é a palavra. Mas ainda tento ser mais forte que eu.
Porque há dias, em que depois de enxergar apenas o vazio, vejo a lua, em plena luz do dia. Sei que posso. Sei que posso ir além da dor. Nos momentos de lucidez, quando olho e vejo tudo que conquistei, sinto tanto orgulho. Orgulho em ser uma sobrevivente. Em apesar das horas de pânico, dos tombos, lágrimas, desespero, incertezas, aqui estou.
Quero a cura para minha dor. Quero a cura definitiva para o que tenho. Apesar do medo de nunca ficar boa ser mais forte, do que a esperança, continuo vivendo com o que tenho.Tentando fazer o melhor com as coisas que conquistei.